O tempo, neste
momento, é para falar de Hilda Hilst, que não queria ser bailarina. Que queria
escrever, e que escreveu intensamente. O Koisa, A Obscena Senhora D, Contos D’escárnio
e tudo mais que lhe disseram ser muito difícil de ler. Literatura não é fácil.
Literatura não é didática, é melhor.
O tempo é para falar de Cecília
Meirelles e a delicadeza de se fazer pensar sobre os cavalos da inconfidência.
O tempo é emergente.
Mais de cem.
Muito mais de cem.
Urgente.
O tempo é para falar de Nise da
Silveira e o fim da lobotomia. O tempo é para livre circulação de gatos nas
salas. Sem constrangimentos, sem abusos, sem sussurros, sem fiu fiu.
O tempo é para falar de Karen
Horney e a psicologia feminista. O que é ter útero?
Ter útero,
ser útero.
Espaço sagrado, lugar de criação.
O tempo é para falar da
patologização do útero e a potência de mulheres que param máquinas de produção
em massa.
O tempo é para viver a beleza e a
força da minha avó.
O tempo é das guerrilheiras do
Araguaia, das rendeiras do São Francisco, das Marias Brasilianas, e das
afrografiteiras.
O tempo é de Clara Zetkin!
Professora, jornalista, socialista, criadora e redatora chefe, em 1892, do
jornal “A Igualdade”
O tempo é da líder quilombola
Teresa de Benguela.
O tempo é de Viviany Beleboni
Iara Iavelberg
Malala Yousafzai
Ieda Seixas
Dilma Rousseff
Camille Claudel
Cassia Eller
Laerte Coutinho
Antonieta de Barros
Frida Kahlo, Pilar del Río, Anne
Fisher, Nina Simone, Hannah Arendt e Leila Diniz.
O tempo, já sem tempo, é Simone de
Beauvoir e ainda o segundo sexo, que se pergunta estarrecido: “_ onde estarão o
primeiro e o terceiro!?”
O tempo não são 30,
são mais de 100.
Muito mais de 100 mulheres!
Porque 30 se fizeram repetir na
dor, e mais de 100 fazem questão de luta.
Para não se repetir.
Porque é preciso mais que resistir.
Porque mais de 100, muito mais de
100...
Se fazem existir.
Ana Gabriela Lúcia Joaquina Laura
Fátima Beatriz...